Os 4 anos foram assim.

Nosso niver de namoro de 5 anos foi bem light: saímos pra um rodízio de pizza e cineminha. Bem diferente dos aniversários anteriores, sempre com alguma dose de tensão. Vou contar pra vocês como foi nosso aniversário de 4 anos.

Não era o início de ano de 2012 que eu esperava. Fraturei o tornozelo e na semana do meu aniversário de namoro, estava eu em uma cama de hospital. Estava chateado e tenso, mas surpreendentemente tranquilo. Meu namorado estava sempre por perto ou falando comigo ao telefone.

Só permitiam a entrada de duas pessoas por vez para me visitar. Era um hospital público. Naquela época, meus pais não sabiam que eu ainda estava com o Juan. Não oficialmente. Passei a não falar mais nada da minha vida particular pra eles. E com certeza iriam implicar se ele fosse me visitar. Ainda mais que na cabeça deles, se fosse pra entrar duas pessoas seriam pai e mãe. E só. Claro que não concordo, mas bater boca no hospital, na situação em que eu estava, não me passava pela cabeça. Preferimos usar a discrição e inteligência.

O rapaz que estava na cama ao lado só recebia uma visita por dia: a da esposa. Pedi ao Juan que usasse o nome dele para entrar e esperasse meus pais saírem. E deu certo. Ele passou um bom tempo lá, comigo. Não sei se desconfiaram ou se contaram para os meus pais. Sinceramente, não faz diferença pra mim. 

Fiquei 4 dias internado, esperando a fila pra ser operado. A operação ocorreu no dia 26 de janeiro, véspera do nosso aniversário de namoro. Correu tudo certo, graças aos bons médicos. Planejei uma viagem para Paraty nessa data e tive que adiar. Coisas da vida. Não deu nem pra comprar presente pro Juan. Mas ele não se ligou muito nisso. Aliás, ele não exige quase nada de mim. Só mesmo minha companhia ( às vezes nem isso... rs ).

No dia após a minha operação, ele driblou minha mãe e conseguiu dormir lá. Fiquei hiper preocupado, pois não havia cama para acompanhantes. Aliás, nem poltrona. Só uma cadeira dura. Por mim, ele dormiria na mesma cama que eu, mesmo que de solteiro, mas... era um hospital, né? rs; 

Tinha um colchão reserva, apoiado na parede, mas ele ficou com medo de estar com infecção hospitalar. Resolveu dormir sentado, apoiado na minha cama. O efeito dos remédios me fez apagar. Caí no sono. Acordei, lembrando que era dia 27, e que eu estava ali, numa cama de hospital.

 Abri os olhos e vi meu namorado dormindo, feito um anjo. Todo desconfortável. Mas estava ali, presente. Mesmo tendo que sair cedo pra trabalhar, sem ao menos trocar de roupa.

Passei a ver a vida por outros ângulos. De que importam presentes, bens materiais, demonstrações de status, passeios..? Se não houver amor, tudo isso é irrelevante. Me considero um cara de sorte. Tive um namorado de ouro em vários aspectos. 

Ah... e quando me recuperei, em junho, remarcamos a viagem para Paraty. E comemoramos o niver de namoro, mesmo que atrasado. O importante não é a data, mas estar juntos. E bem ! 

As letras japonesas significam lealdade. E essa é uma das maiores virtudes do Juan.

PS : Apesar do nosso relacionamento ter acabado, aparentemente, ainda sei reconhecer o valor de certas atitudes que ele teve.